Sesta ao Sol

Sozinha sorrio...
A cidade devora-te, a luz fascina-te e tu ali estás, distante e misterioso. Foges como o sol foge das nuvens, mas ficas calmo como as folhas que caem suavemente das árvores e se amontoam no chão.
Os carros passam, lá no fundo, onde o olhar se perde e o mundo gira ao contrário. O rio é o seu tecto, o chão o seu infinito.
A luz intensa move os meus olhos. És tu...Aquela vontade de furar as multidões, de correr e de te encontrar. De te olhar olhos nos olhos e, depois, virar-te as costas e seguir o vento que me leva à mais alta das torres onde fico presa! Olho para baixo, vejo-te, e ali estás tu...a sorrir com uma satisfação que é só tua.
O teu olhar é felino, lê-me a alma e o desejo. E eu, que mais faço senão presenciar tudo isso e deixar-me voar? Voar e perder-me onde o mar se funde com o céu e a música tudo conduz, onde o pensamento flúi através do tempo e espaço e a minha mão escreve palavras ditadas de um pensar que só a ti diz respeito.
Tu ali estás, distante e misterioso a sorrir com uma satisfação que é só tua enquanto eu sentada, iluminada, tudo vejo num breve piscar de olhos.
Os carros param, as multidões cessam, a torre cai e acordo...O mundo é de novo ele mesmo!