Tarde

Hoje sinto-me bem!
Depois de mais um dia de aulas, acabei a tarde numa longa caminhada.
A tarde foi passada no cinema: o filme nem sequer me entusiasmou muito… Mas a companhia, essa sim, fez-me girar cá dentro! Se bem que, infelizmente talvez, nada tenha acontecido que possa ser denominado especial.
Algumas horas passaram, o filme acabou, a hora do informalíssimo “até amanhã” também, e, do meio do nada, dei por mim sozinha, algures numa das minhas partes favoritas de Lisboa.
O céu estava limpo, o frio era muito e a multidão em redor parecia não cessar de correr. Mas eu estava quente e calma. Melancólica, talvez.
Sem saber exactamente o que fazer em seguida, comecei a andar. Os meus pés levaram-me até um local onde já não ia há uns tempos: Elevador de Sta. Justa. Não sei qual foi a ideia deles para me levarem até lá; só sei que fizeram muito bem!
Por mais sozinha que estivesse naquele momento, estava a ser perseguida por várias memórias e alguns pensamentos. Eu sabia-o, os outros não.
Enfim... Uns minutos mais tarde, depois de ter saboreado a plenitude de tudo o que me rodeava, de olhar para aqui e além observando cada pormenor que me fazia sentir bem comigo mesma (apesar de nem saber o que realmente estava a sentir), e ter, inclusive, tirado fotografias a uns estrangeiros, desci, comprei almoço num café e comecei de novo a caminhar. Tinha tempo, era a única coisa que sabia!
Desci o Carmo, passei o Rossio, retornei o Marquês, vagueie por Picoas e Saldanha, atravessei o Campo-Pequeno até chegar a Entrecampos. Caminhei. Caminhei sem parar. Passei por este e aquele, tentei adivinhar pensamentos de pessoas que vinham contra mim, especulei se eles conseguiriam adivinhar os meus, admirava a beleza da nossa capital (cidade que eu adoro) e a simplicidade da maravilhosa noite que se adivinhava.
Adoro estas tardes!
Por fim, cheguei a casa, meia distante, aluada diria, até.
Sinto-me bem. Estou contente. De quem será a culpa?