Borboleta-Sonho
Acordo de um sonho pouco comum, um sonho realmente irreal. Onde todos os homens são animais. E os animais são todos borboletas. Borboletas que voam alto, sobrevoando a Terra, terra pequena, tão leve.
Nesse sonho, eu não sou homem. Sou animal-borboleta. Olho o mundo dos seus olhos. Azul-amarelo-verde-rosa. Relembro com memória esvoaçante, memória mutante.
Pouso em pratos de porcelana chinesa, aqueles das planícies alentejanas, que estão nos Himalaias indianos. Abro as asas e estou nos cinemas do Congo, onde estreia o novo filme mágico de Hollywood comn traduçao em espanhol para os sues habitantes venezuelanos. Adormeço no embalo da eminente frgância de um bom velho Monte Cristo, charuto de eleiçao, e bebo rum japonês. Desperto bem quente nos lagos de gélida água dos Estados-Unidos; na 5ª Avenida do Chipre encontro restaurantes em que mulheres escandinavas preparam os mais deliciosos prtaos da Bolívia; decido-me por um bom croissant à moda alemã. Vejo um senhor árabe procurando a sua mulher escocesa na porta do consulado uruguaio da Rússia, a qual, por sua vez, procura o filho de origem etiopiana na Disneylândia sul-africana. Voo até Itália e deparo-me com os Jerónimos do tempo persa. Observo eslovacos latinos de chinelos pelas praias suiças, comendo pizas italianas deitas por dominicanos no Camboja e chocolates coreanos. No Japão, os mexicanos pedem sombreros para o sol angolano que se sente com tamanha intensidade na floresta amazónica, tão densa quanto a tundra russa, onde, por entre os Kremlins, encontro uma amiga turca que me prepara um delicioso jantar marroquino com um vinho do Douro francês, além da paella típica da Austrália. Estou com calor, quero bater asas e voar do Verão grego até ao Inverno Neo-zelandês, onde vejo a selecção de râguebi brasileira preparar-se para os torneios de futebol americano que decorrerão durante o Euro em terras de Madagáscar, este ano em Pequim. Verifico que as praias de sonho moçambicanas cada vez se assemelham mais às do Alasca onde os peruanos dançam o tango argentino semelhante ao bailarico da Madeira e se divertem, os vietnamitas, bebendo vodka nas frias terras de Timor, maravilhados com o criquet do Azerbeijão.
Acordei de um sonho pouco comum, um sonho realmente irreal. Onde todos os homens são animais. E os animais são todos borboletas. Borboletas da mesma cultura. De um mundo diversificado onde todos são filhos da mesma língua e tradição. Da mesma harmonia do Mundo.
Estranhamente ou não, ainda me sinto parte dessa multiplicidade de borboletas-sonho que floresceram em mim durante um sonho realmente irreal.
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