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segunda-feira, outubro 15, 2007




Cheiro a lavanda e neblina matinal. O arrulhar sistemático das rolas parece despertar-me. Ao longe, as discernidas colinas de uma montanha.
Adoro estas manhãs. As manhãs acidentadas do início de Outono. Apaziguam.
Lembro-me de ontem, de quando falámos. Gosto tanto de ver como crescemos, principalmente tu. Eu não consigo ver-me...
Recordo-me ainda dos nossos fatos-de-banho nos primeiros de praia; da nossa vontade de subir a escadaria até ao quarto andar, juntas; das nossas paranóias compartilhadas; recentemente, das bandas CSI (Cansei de Ser Idiota) ou as Tuti-Frutti!
Desiludiste-me bastante. Calculo, ou melhor, tenho certeza de que também já te desiludi. Contudo, sobrevivemos a tais vicissitudes e sinto-me tão grata por isso.
Ontem, mais uma vez, mostraste-me como cresceste. Surpreendeste-me. Falaste, soubeste falar e ouviste, sabendo ouvir. Algo engraçado é que nos compreendemos mutuamente. Muitas vezes, bastam duas palavras ou uma simples troca de olhar.
Quando entrei no teu quarto, senti-te estranha. Triste. Muito provavelmente, assim também me sentiste tu. Aqui, começou a nossa jornada.
Como compreendi o que me disseste! És crua, fria. Não te importas com o que dizes ou fazes, pois faze-lo propositadamente. Sabes que magoas, mas continuas fiel a ti mesma. Isso é bom. Porém, mau. E sabes bem ao que me refiro, pois, quando foi a minha vez de falar, sentiste o que era estar na outra pele, na de quem carrega o que dizes ou fazes. Percebeste, no seu verdadeiro sentido, o que é magoar e sentir falta; o querer e não querer ao mesmo tempo.
Foi uma das primeiras vezes, em tantos anos, que consegui ver a tua armadura de ferro e fogo ceder.
É verdade que compreendo a tua opinião e, sabes bem que não o digo, condeno-a pois sei o que é sofre-la.
Independentemente do que ali aconteceu, permanecerá só entre nós, no nosso entendimento posicional adverso. Independentemente do que ali aconteceu, desinibiu-nos, libertou-nos e levou-nos à exaustão, num tão bom estado que, hoje, ao cheirar a lavanda e a observar as discernidas montanhas, agora, que te sei no teu quarto, me sinto outra, tal como tu. E nem precisas de mo dizer, eu sei-lo.
Obrigada pela tua confiança e pelo teu apoio. Obrigada pelas baboseiras que dizemos e que nos fazem rir e rir à grande gargalhada. Obrigada pelo tempo desperdiçado a olhar para sei lá o quê. Obrigada pelas looongas conversas sobre tudo e nada. Obrigada por estares aí. Espero que o digas da minha parte também.
ADORO-TE!

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Sinto a critica, sou capaz agora.
Possivelmente tiraste-me as palavras, o discurso longo e arrongante há muito que não o trago no bolso. Talvez o tivesse deixado cair num desses cantos de escola em que me sento, arrependida. Olha agora, sou futil e falo alto exprimindo falsa segurança. Perdi-me de tentar se-lo, falhei, e agora procuro-me por detras de um olhar vago, indesiso de sonho. Quero engolir em seco, arrepiar-me, ter vontade de bater em alguém, erguer a cabeça, ir lá, pedir desculpa. E vou.. Obrigada pela presença, obrigada pelo favor, obrigada pela critica. Merece-lo todo: Obrigado.

8:06 da tarde

 

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