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sexta-feira, setembro 19, 2008

Acordei-te no lado Oeste

Acordei-te do outro lado da falésia.
Olhei-te enquanto dormias, do lado oeste do nosso ser.
Cheira a Terra e eu adoro este cheiro. Faz-me sentir viva, vinda das vibrações do solo, do corpo do fogo, da harmonia do ar. Chama que nunca foi azul.
Acordei-te do outro lado da falésia, sabendo que dormias no Oeste do meu colo, lá onde o Sol se põe.
Esses braços que grandes envolvem o mar, calma que a brisa traz consigo, os cristais de humidade da onda que rebenta, do nevoeiro do cheiro a Terra, consome-me.
As pernas que correm como o rio até à foz, ao Oeste, até mim.
Seduziste o céu com as estrelas, dançando como se fosse a última noite de loucura, até os pés não te doerem mais, não me sentirem mais, testando cada gota do sabor do âmbar, nostálgico, reconfortante.
Olhei-te enquanto dormias e vi o beijo, uma bola de sabão, um mundo flutuante visto de outra perspectiva, ao sabor do embalo das pedras onde nos deitamos, que cravam unhas num mundo do universo, tatuando-o na pele.
Uma bola de sabão que percorre o horizonte, viaja por mil lugares desconhecidos e em cada um te encontra, sempre na mesma falésia ao Oeste.
Uma simples bola de sabão, transparente e a humidade, os cristais da Terra, do nosso corpo vibrante, deixa-nos gritar. Em silêncio.
Olhei-te enquanto dormias e ainda há pedaços de ti por conhecer, desmistificar.
Acordei-te do outro lado da falésia e lá te deixei, no Oeste do meu colo.