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quinta-feira, abril 24, 2008



Sentia-me segura, era tão bom estar lá,
Ainda que suspensa no teu silencio
Vendo-te dormir em sonhos que ambos partilhávamos acordados.
Era uma vez alguém que lhes tirava a essência
Para dela se alimentar
Como quem diminui o universo para algo lhe acrescentar
Ou como que corrompe o curso de uma
Lágrima para impor o sorriso que ninguém sente.

Era uma vez, duas ou, quem sabe, três…

Tenho o peito gelado, escrevo de noite.
E o vento que passa esfria-me o corpo
Porque a alma ficou presa naquela ilusão
Que não aquece nem arrefece.

Lembro… Apenas desta vez deixa ser mais que
A lembrança perdida do último beijo fugidio
No dia do grande adeus…

Mas não vale já a pena,
Embora a alma não seja pequena.

(E eu não sei quem te perdeu…)

Meu amor, sente o caminho e segue
Vira-o do avesso e veste-o.
Aperta-o para que não fuja de ti.

Deste lado é tão mais puro.

Pincelas Guerra de tons pastel
Em áurea tinta de óleo.
Cada um de nós é uma Lua
Que pintas na minha mão
A que não mais abraças.

Era uma vez uma sombra que correu.
Via horizonte ao fundo, mas
Continuou sem encontrar Sol e
Branca-escura permaneceu.

E eu não sei quem te perdeu…
Nunca foste meu,
Nunca estavas a meu lado na madrugada
Nunca me roubaste o beijo de vinho…

(Fui eu quem te perdeu.)

E era uma vez, duas ou três, em que eu esperei o Sol nascer.

sábado, abril 19, 2008

Como esta montanha

Quero dizer-te que ouvi a tua ópera, o teu belo concerto de sedução.
Seduziste-me, como esta montanha na minha frente
Tão verdejante e luminosa que me fez esquecer de ti...
Mas não, não da tua sedução.
Seduzes-me com a tua desconcentração, fazes jogos de sedução, intimidas-me.
E, no entanto, eu sei que te faço o mesmo, fugazmente.
Não me passes o braço pela cintura.
Não páres o teu caminho.
Não dês um passo atrás.
Não me olhes sorrindo.
Não partilhamos qualquer segredo!
A não ser o nosso jogo de ópera.
O cigarro que nos muda a voz, mas que nos faz cantar tão alto.
Como esta montanha.