Sentia-me segura, era tão bom estar lá,
Ainda que suspensa no teu silencio
Vendo-te dormir em sonhos que ambos partilhávamos acordados.
Era uma vez alguém que lhes tirava a essência
Para dela se alimentar
Como quem diminui o universo para algo lhe acrescentar
Ou como que corrompe o curso de uma
Lágrima para impor o sorriso que ninguém sente.
Era uma vez, duas ou, quem sabe, três…
Tenho o peito gelado, escrevo de noite.
E o vento que passa esfria-me o corpo
Porque a alma ficou presa naquela ilusão
Que não aquece nem arrefece.
Lembro… Apenas desta vez deixa ser mais que
A lembrança perdida do último beijo fugidio
No dia do grande adeus…
Mas não vale já a pena,
Embora a alma não seja pequena.
(E eu não sei quem te perdeu…)
Meu amor, sente o caminho e segue
Vira-o do avesso e veste-o.
Aperta-o para que não fuja de ti.
Deste lado é tão mais puro.
Pincelas Guerra de tons pastel
Em áurea tinta de óleo.
Cada um de nós é uma Lua
Que pintas na minha mão
A que não mais abraças.
Era uma vez uma sombra que correu.
Via horizonte ao fundo, mas
Continuou sem encontrar Sol e
Branca-escura permaneceu.
E eu não sei quem te perdeu…
Nunca foste meu,
Nunca estavas a meu lado na madrugada
Nunca me roubaste o beijo de vinho…
(Fui eu quem te perdeu.)
E era uma vez, duas ou três, em que eu esperei o Sol nascer.