Hoje dei-me conta de que há muito que não escrevo.
Tenho pegado no papel e na caneta, mas não tenho escrito. As ideias existem, mas já não fluem como antes, parece que deixou de haver ligação entre o meu pensamento, a tinta e o papel.
Algum elo se dissipou ao meio de um caminho, se dissociou de mim e do meu corpo. E ele sente sede, chama-o até si~cada vez que pega num papel, ou numa caneta.
Será que há leis na escrita? Será que perdi as palavras para me conseguir expressar?
Já nada sai fluidamente, já não há coesão no que escrevo. Ou será no que penso?
Hoje o que sei é que pareço ter perdido s ligação às palavras, que o vocabulário me abandonou e as ideias já não convergem mais.
Sinto saudades do toque das rimas, das metáforas, do cheiro do papel tingido, do paladar dos sentidos e dos sentimentos mesclados.
Estou a precisar da adrenalina da escrita pelas veias do meu corpo.
Hoje peguei no papel e demonstrei a minha revolta, mas as palavras ainda não deram tréguas...
Porque assim são as palavras escritas: possuem um magnetismo especial, libertam, acalentam, invocam emoções.
Elas possuem a capacidade de, em poucos minutos, cruzarem mares, saltar montanhas, atravessar desertos intocáveis.
Muitas vezes, infelizmente, perde-se o autor, mas a mensagem permanece no tempo, atravessando séculos e gerações.
Elas marcam um momento que será eternamente revivido por todos aqueles que as lerem.
As palavras escritas acrescentam força às palavras faladas. E sobrevivem à sua juventude, são infinitas.
"Quem escreve, constrói um castelo...
... e que lê, passa a habitá-lo."