Noite em que me vou
Cara com manchas de carvão.
Criança com sorriso de pedra.
Luz cinzenta que ofusca as demais.
Saída sem fim de túnel.
Reflexos de ouro na água do rio.
Espelho morto bebendo vida.
Negra filha de brancos.
Harmoniosa sinfonia de corais.
Esperançosa cor que esvaece.
Champanhe que comemora a noite.
Noite em que me vou.
Ponte sobre a qual pousa o frio.
Frio que gela as emoções.
Chupa-chupa sem sabor.
Corpo quente sem combustível.
Mar que estremece com a terra, que sofre com ela.
Olhos que cheiram distorcido.
Boca que te pede, sem consentimento.
Delinquência sem fogo ou água.
Admiração constante. Magia sem truques.
Letras sem sentido, compostas de livros.
Música que fica, para sempre.
Dia de sol que aquece a alma.
Confiança por entre a multidão.
Meio-buraco que as pétalas consomem.
Pedra prateada, um nível acima do outro.
Força indiscreta que contradiz a gravidade.
Estrelas incandescentes, inflamando o espaço.
Nuvens cor-de-rosa que por fim acalmam.